Para evitar a carência de vitamina D recomenda-se a exposição diária do tronco, braços e pernas ao sol, sem filtro solar, por apenas 10 minutos, entre às 10h00 e às 15 horas(VEJA.com/Thinkstock) |
Um novo estudo mostrou que a deficiência da
substância entre as brasileiras é 15% maior em locais com menor intensidade
solar, como na região Sul do país
Mais da metade das
brasileiras na pós-menopausa sofrem com a carência de vitamina D. Esse quadro é
ainda mais grave em locais com menor intensidade solar, como na região Sul do
país. É o que diz um estudo realizado em conjunto por pesquisadores da Unifesp e
da Associação Brasileira de Avaliação e Osteometabolismo (Abrasso).
Para
a pesquisa, foram analisados dados de 1.933 brasileiras com idades entre 60 e
85 anos que eram portadoras de osteopenia (redução da massa óssea) e
osteoporose. As participantes residiam nas cidades de Recife, Salvador, Rio de
Janeiro, São Paulo, Curitiba ou Porto Alegre. De acordo com os autores, a
escolha das cidades foi proposital para analisar se havia uma associação entre
latitude e concentração de vitamina D.
"O
problema é mais acentuado nas regiões onde o sol é menos intenso. Isso porque
mais de 90% da vitamina D presente em nosso corpo é produzida por um processo
bioquímico desencadeado quando os raios solares incidem sobre a pele.",
explicou Henrique Pierotti Arantes, endocrinologista da Abrasso e principal
autor do estudo. "Quanto maior a latitude, menor o impacto dos raios sobre
a pele da população e vice-versa", disse o endocrinologista.
Os
resultados do exame 25 hidroxivitamina D, que mede a concentração de vitamina D
no organismo, mostrou que 51,3% das participantes tinham níveis inadequados
(menor que 30 ng/mL) da substância. Em relação ao déficit por regiões, a
carência de vitamina D (menor que 20 ng/mL) foi encontrada em 10% das mulheres
nas cidades do Nordeste e chegou a 25% nas cidades do Sul do país.
"Para cada grau de
latitude ao sul do país, há uma queda na concentração de vitamina D, de, em
média, 0,3 ng/mL. Esses dados são importantes para a prevenção e controle da
osteoporose no país. A carência de vitamina D pode diminuir o efeito do
tratamento da doença, facilitar a ocorrência de fraturas em casos mais graves e
até dificultar a absorção de cálcio intestinal, fundamental para que um
indivíduo mantenha uma boa saúde óssea", explica Arantes.
Silenciosa
e assintomática, a osteoporose provoca o desgaste progressivo dos ossos e
atinge cerca de 10 milhões de pessoas no Brasil, principalmente idosos e
mulheres na pós-menopausa. Dados da International Osteoporosis Foundation (IOF)
apontam que a doença é responsável por mais de nove milhões de fraturas por ano
no país.
Embora
a falta de vitamina D no organismo seja um problema crônico no país, ela pode
ser combatida por meio de uma medida bastante simples: tomar sol. "O ideal
é expor o tronco, os braços e as pernas, sem filtro solar, por apenas 10
minutos, das 10 horas e às 15 horas", afirma a endocrinologista Marise
Lazaretti Castro, diretora científica da Abrasso e coordenadora do estudo. A
especialista ressalta, contudo, que pessoas com contraindicação ao sol, como
aquelas que já tiveram câncer de pele ou com predisposição a ele, não devem
fazer essa exposição. Nesse caso, é preciso procurar um médico para obter a
vitamina por meio de suplementos.
"Pessoas
do grupo de risco como idosos, obesos, doentes crônicos, pessoas com doenças
inflamatórias, má absorção intestinal ou que foram submetidas à cirurgia
bariátrica também devem procurar um médico para analisar a necessidade de
suplementação de vitamina D", explica Marise.
Ação da vitamina D - A substância é produzida pelo organismo quando os raios
ultravioletas B (UVB) incidem sobre a pele e, internamente, desprendem
partículas que dão origem à vitamina. Quando a substância é absorvida pela
corrente sanguínea, passando pelo fígado e pelo rim, ela é transformada no
calcitriol, um poderoso hormônio que aumenta a absorção de cálcio pela via
intestinal.
FONTE: veja.abril.com.br