Uma pesquisa que durou 30 anos mostrou que a ingestão de gordura
saturada, presente na manteiga e carne vermelha, aumenta o risco de morte
prematura.
Comer alimentos ricos em gordura saturada, como manteiga, queijo, banha
de porco, carne vermelha, biscoitos, bolos e tortas, aumenta o risco de morte
prematura. A conclusão é de um estudo publicado recentemente no periódico
científico JAMA Internal Medicine.
Felizmente, substituí-las por gorduras insaturadas ou poli-insaturadas,
presentes em óleos de origem vegetal, alguns peixes, nozes e sementes, reduz a
probabilidade de morte por doenças cardíacas, respiratórias, câncer, Parkinson
e Alzheimer. Para chegar a estas conclusões, pesquisadores da Universidade de
Harvard, nos Estados Unidos, acompanharam a dieta, a saúde e o estilo de vida
de mais de 120.000 pessoas, ao longo de três décadas, por meio de questionários
respondidos a cada dois ou quatro anos.
Os resultados mostraram que as pessoas que comeram mais gorduras
saturadas e trans tiveram taxas de mortalidade mais elevadas do que aquelas que
consumiram o mesmo número de calorias em carboidratos. A pesquisa apontou
também que a substituição das gorduras saturadas pelas insaturadas presentes em
alimentos vegetais – como azeite extra virgem, óleo de canola ou de soja – pode
trazer “benefícios substanciais para a saúde e deve continuar sendo uma
mensagem essencial nas recomendações nutricionais”.
“Houve confusão generalizada na comunidade biomédica e no público em
geral nos últimos anos sobre os efeitos de tipos específicos de gorduras na
saúde. Esse estudo documenta benefícios importantes das gorduras insaturadas,
especialmente quando elas substituem gorduras saturadas e trans.”, disse Dong
Wang, principal autor do estudo.
As gorduras trans, incluindo as parcialmente hidrogenadas como a da
margarina, tiveram os piores impactos na saúde: cada aumento de 2% na ingestão
dessas gorduras estava associado com um aumento de 16% no risco de morrer mais
cedo. No caso da gordura saturada, cada aumento de 5% no consumo esteve ligado
a uma probabilidade 8% maior do risco de morrer.
Estudos anteriores mostraram que a ingestão destas gorduras está
associada ao aumento do colesterol no sangue, o que leva ao depósito de placas
nas artérias que, por sua vez, pode causar infarto ou acidente vascular
cerebral (AVC).
Por outro lado, a ingestão de grandes quantidades de gorduras
insaturadas ou poli-insaturadas, como ômega-3 e ômega-6, encontrados em óleos
de peixe, de soja e de canola, foi associada à redução de 11% a 19% no risco de
morte, em comparação com o consumo do mesmo número de calorias provenientes de
carboidratos.
Mesmo o consumo de pequenas quantidades de gordura poli-insaturada no
lugar da saturada já traz grandes benefícios para a saúde. Segundo o estudo,
substituir 5% das calorias ingeridas provenientes de gorduras saturadas (cerca
de 15 g) por poli-insaturadas, reduz a chance de morte prematura em 27%.
Enquanto alguns especialistas ressaltaram que o estudo foi observacional
baseado em questionários, o que, portanto, não confirma uma relação de causa e
consequência, o resultado geral está em consonância com muitos outros grandes
estudos sobre alimentação e saúde.
Fonte: veja.abril.com.br